Cássia Siqueira
Da reportagem local
Publicitários de Mogi das Cruzes aprovam a proposta da Prefeitura de reduzir a poluição visual causada pelo excesso de propaganda nas ruas, mas sabem que a mudança das regras dará trabalho para quem atua no setor. A limitação do uso de outdoors, painéis e panfletos, por exemplo, irá obrigar os profissionais a buscarem outras mídias e a exercitarem a criatividade na hora de desenvolver suas campanhas em veículos convencionais, como televisão, rádio, jornais e revistas.
O publicitário Márcio Vicco, pós-graduado em Marketing, defende a implantação do projeto de lei Mogi Mais Viva, em tramitação na Câmara. "Esta padronização é importante para que não haja abusos de estabelecimentos que querem aparecer mais do que devem e acabam comprometendo a arquitetura da cidade. Mas, por outro lado, é necessária uma política de revitalização dos estabelecimentos, para que não aconteça como em São Paulo, onde arrancaram as fachadas, mas deixaram muitas estruturas velhas à mostra".
A ressalva também é feita pela publicitária Sheyla de Paiva Passos. "O projeto é interessante para não deixar a cidade desorganizada. Mas a proposta precisa ser completa, para que de fato a cidade seja revitalizada. Não adianta só tirar a propaganda. É necessário pensar na limpeza pública, por exemplo. O centro de Mogi é antigo e está feio: precisa ser valorizado".
Embora a lei ainda não tenha sido aprovada, Sheyla afirma que os publicitários já estão se preparando para as mudanças. "Temos campanhas em andamento em que iríamos utilizar a comunicação de rua e agora teremos de mudar a estratégia. Neste momento, a criatividade fará a diferença no mercado". Ela avalia que alguns segmentos serão mais prejudicados, como o de roupas e de calçados, que utilizam muito outdoors e agora terão de optar por outras mídias.
O publicitário Napoleão Filho avalia que a lei é necessária. "Estamos caminhando para um momento em que a propaganda de rua está exagerada, tanto pelo tamanho quanto pela quantidade. Chegou a hora de barrar isso, e mostrar que o pouco também comunica. Isso vai dar muito trabalho para nós. Teremos de explorar nossa criatividade, porque as mídias convencionais passarão a receber uma avalanche de publicidade e será necessário surpreender".
Napoleão observa que o mercado publicitário, os anunciantes e o consumidor terão de se adaptar às mudanças.
"Temos pesquisas que mostram que a panfletagem é a mídia que mais leva clientes para os plantões de vendas do setor imobiliário. Este é um segmento que está acostumado a anunciar desta forma há muitos anos. Com a proibição dos panfletos, teremos de procurar (e iremos encontrar) outros meios. Isso muda todo processo de comunicação".
