Nayara Ruiz
Da reportagem local
O economista Sebatai Calderoni, autor do livro "Os bilhões perdidos no lixo", esteve em Mogi ontem para proferir a palestra "Quanto Mogi perde com o lixo". O evento aconteceu na Câmara Municipal e entre as recomendações de Calderoni estava a extinção de aterros e a implantação de projetos de reciclagem.
Para o palestrante, a transformação de resíduos sólidos é uma solução bastante usada na Europa, diante da saturação dos aterros sanitários. "É exatamente isso que o Brasil deve começar a fazer. E, se ninguém der o pontapé inicial, os problemas vão piorar cada vez mais", observou. De acordo com ele, o problema está na falta de consciência ambiental do brasileiro, que "gera menos resíduos que os europeus, porque somos mais pobres e não usamos tantas embalagens".
Um país populoso como o Brasil, segundo o economista, descarta todos os dias cerca de 190 mil quilos de lixo doméstico e outros 270 mil quilos de entulhos, que poderiam gerar uma riqueza anual estimada em US$ 10 bilhões. "Uma cidade com 200 mil habitantes que gasta R$ 8 milhões para enterrar o lixo e o valor econômico desse lixo é de R$ 15 milhões, poderia economizar R$ 23 milhões com a extinção dos aterros. Além disso, haveria geração de emprego, equilíbrio ambiental e melhor saúde pública".
Uma das soluções apresentadas foi a reciclagem e a industrialização dos resíduos. "Mais de 90% de todo o resíduo pode ser reaproveitado. Do lixo domiciliar, 60% é orgânico, que vira adubo. O restante pode ser reutilizado como matéria-prima para indústrias".
Calderoni citou outras vantagens da reciclagem: "Economiza energia, matérias-primas e água e reduz a poluição do subsolo, do solo, da água e do ar".
Outra sugestão foi a criação de centrais de reciclagem dos entulhos, que podem colaborar com projetos habitacionais. "O segredo é o governo dividir os custos com os empresários, por meio de parcerias público-privadas".