Ele passou quase dez anos longe da família, separada pela guerra na Palestina. Viu um dos irmãos ser morto e agora, apenas dois meses depois de ter reencontrado a mãe, Hossan Hejazi Khalil El Loh a perdeu. Nusha, a mãe de Hossan, morreu de pneumonia. Quando chegou a Mogi, Nusha dormia no chão, sem cobertor suficiente para protegê-la do frio. "Isso fez com que ela piorasse. Se não tivesse passado por essas necessidades, eu teria minha mãe aqui comigo nesse momento", lamentou. "De nada adiantou tê-la de volta. Agora já a perdi novamente, mas dessa vez é para sempre". Ele também teme pelo filho de 9 anos, que reencontrou há dois meses. O menino tem asma e os exames e remédios, segundo Hossan, não estão sendo disponibilizados. "Não temos nenhuma assistência. No enterro da minha mãe, não tivemos nenhuma ajuda da Cáritas. Quando liguei para eles, disseram que me fariam uma visita. Para quê? Minha mãe já morreu. Do que adianta uma visita deles agora?".
Hossan está preocupado. Ele contraiu dívidas para abrir dois estacionamentos, tem as prestações para pagar, mas a partir de outubro, deixará de receber a ajuda de custo do programa do governo federal.
Idoso, com problemas respiratórios e hérnia inguinal, Mohammad Altamimi, 69 anos, já não sabe mais o que fazer. Ele e a mulher, de 66 anos, já passaram por situações complicadas. Pensaram até que morreriam a qualquer instante.
"Meu corpo todo parece doente, tenho asma, hérnia, preciso fazer uma cirurgia, as esperanças estão chegando ao fim". Quando chegou ao Brasil, Mohammad disse que passou por uma bateria de exames, mas que depois foi esquecido. O direito de aposentadoria também foi prometido, mas o benefício nunca foi dado a ele. "Nós gostamos do Brasil, o problema é que ninguém aqui está do nosso lado, nem documentos nós temos". (N.R.)