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Cidade| Refugiados em Mogi

Grupo faz dossiê sobre a situação dos palestinos

Documento citará série de problemas enfrentados pelos estrangeiros e será entregue para a Justiça Federal. Falta de tratamento médico adequado é uma das denúncias

Publicada em 30/07/09

Marcelo Alvarenga

Saúde frágil: Nusha morreu de pneumonia; como ela, segundo comitê, outros palestinos estão doentes

Júlia Guimarães
Da reportagem local

O Comitê Autônomo de Solidariedade ao Povo Palestino pretende denunciar à Justiça Federal a situação em que vivem os 57 refugiados palestinos abrigados em Mogi das Cruzes desde o último ano através do Programa de Reassentamento Solidário do governo federal. O grupo considera que os estrangeiros encontram-se em situação de abandono e que estariam sendo vítimas de negligência por falta de atendimento adequado.

O representante do comitê, Mauro Rodrigues de Aguiar, informou ontem que está sendo elaborado um dossiê com relatos da situação das famílias dos palestinos abrigados na cidade. O documento deverá ser protocolado no Juizado Especial Federal de Mogi das Cruzes dentro de duas semanas. A decisão elaborar a denúncia foi tomada pelo grupo depois que a palestina Nusha El Loh, de 65 anos, faleceu de pneumonia, conforme publicado ontem pelo Mogi News. De acordo com Aguiar, a morte poderia ter sido evitada caso ela tivesse recebido assistência médica adequada.

Mauro também afirma que ainda que existem outros casos graves de negligência médica envolvendo os palestinos. Entre eles estaria o de uma refugiada que perdeu o bebê em fevereiro deste ano, que, de acordo com ele, também poderia ter sido evitado caso a grávida tivesse um tradutor para fazer o acompanhamento aos serviços de saúde. Além disso, ele relata o caso do menino Aiham, de 9 anos, que é asmático e necessita fazer inalação duas vezes por dia, do idoso Mohammad, de 68 anos, que também tem problemas respiratórios e suspeita de hérnia inguinal, de Ghazhi Shahin, que tem hipertensão. Nenhum deles estaria recebendo a estrutura necessária para tratamento.
O representante do comitê destacou que estes são apenas alguns dos casos, considerados de maior urgência, mas que todos os refugiados vêm passando por dificuldades para ter acesso à rede de saúde pública. "Todos eles precisam de um atendimento médico especial pelas condições adversas, pelo fato de estarem na condição de refugiados e num país de clima, cultura e idioma tão diferentes dos seus. Isso passa por uma atenção melhor da Cáritas, que é a organização responsável pela adaptação dos refugiados palestinos em Mogi das Cruzes e recebe recursos financeiros do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) para essa tarefa".

Outro problema que estaria sendo enfrentado pelos palestinos é a situação financeira. De acordo com Mauro Aguiar, a ajuda da ONU para pagamento dos aluguéis das casas termina em setembro. "Daí para frente eles não sabem o que lhes acontecerá, uma vez que não houve nesses 22 meses em que estão no Brasil um programa adequado que lhes permitisse se integrar à sociedade brasileira e levantar recursos próprios para custear suas despesas diárias. Pelo contrário".

Mauro informou que um advogado do grupo está analisando contra quem a ação será impetrada. A Assessoria de Imprensa do Acnur foi procurada, reclamou da linha editorial do jornal e disse que não responderia às denúncias em decorrência da reportagem publicada na última quarta-feira sobre a morte da palestina Nusha El Loh.



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