Jamile Santana
Da reportagem local
Os bairros Jardim Piatã e Conjunto Residencial VereadorJefferson da Silva, em Mogi das Cruzes, foram classificados entre os locais com alto índice de vulnerabilidade social após um estudo realizado pelo Instituto de Estudos Especiais (IEE) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Para chegar a tal conclusão, no entanto, não é preciso fazer muito esforço. Logo na entrada do bairro Conjunto Jefferson é fácil perceber o descaso da administração pública quanto aos serviços de saneamento básico.
Já no Jardim Piatã, o desenvolvimento parece ter estacionado na rodovia Mogi-Dutra, próximo ao condomínio Aruã. Um muro que cerca o bairro separa pessoas que não tem televisão em casa das luxuosas residências e construções arquitetônicas.
Piatã e Conjunto Jefferson possuem muitas características em comum, como a dificuldade que a população encontra em realizar a simples tarefa de comprar mantimentos para abastecer a casa, por exemplo. Falta saneamento, atendimento básico de saúde e sistema de transporte coletivo.
A dona de casa Tatiane Augusto Pereira, de 21 anos, tem três filhos para criar e reclama que não consegue emprego por falar que mora no bairro no final do distrito de César de Souza. "É complicado revelar onde moramos", contou. A falta de limpeza pública e de uma área de lazer para as crianças do bairro são assuntos que deveriam ser resolvidos com projetos sociais. "Aqui tem muita criança no bairro. E como estamos praticamente isolados precisava ter uma área de lazer. Tem tanto mato que poderia dar lugar a um parquinho para as crianças", indicou. A falta de um posto de saúde é um problema comum. "Andamos mais de 40 minutos para ir até o posto de saúde da Vila Suíssa. Não temos o direito de ficar doentes".
Jardim Piatã
No Jardim Piatã, a situação não é diferente. A primeira vista, nem parece que o bairro pertence à Mogi, tamanha a precariedade e falta de recursos urbanos. "Nossa, como vocês conseguiram achar esta roça?", ironizou a comerciante Sandra Regina Vieira, de 36 anos, moradora da rua Casa Branca, à equipe de reportagem.
A moradora conta que o bairro inteiro possui postes com iluminação nas ruas, mas as residências não recebem energia elétrica de forma convencional. "Queremos pagar a conta de luz, mas a Bandeirante diz que não pode ligar a energia na casa dos moradores. Mas instalam os postes aqui. Não temos saída, o jeito é fazer ´gatos´ (ligações clandestinas)".
Ela conta que, em diversas vezes, os moradores se uniram para solicitar o Programa Reluz, que fornece energia elétrica com preço mínimo para famílias de baixa renda. "Mas não atendem nosso pedido. O bairro todo vive de gato", contou.
Para se manter conectado com os acontecimentos do mundo, é preciso utilizar o bom e velho rádio AM. Os moradores do Piatã possuem aparelhos televisor, mas o bairro não recebe sinal de televisão. "Ninguém aqui consegue ver TV, assistir a novelas. Escutamos rádio o dia todo".