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2 de junho de 2015

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Cidade| Personagens das ruas

"Eu quero ficar aqui. Não adianta a Kombi querer me levar embora"

Publicada em 29/07/09

Mogi das Cruzes está cheia de moradores de rua. Em praças, estabelecimentos comerciais abandonados ou mesmo nas esquinas, eles estão lá. Caídos, dormindo, pedindo e até fazendo suas necessidades. A revitalização do centro da cidade, que prevê, entre outras medidas, a padronização e a restauração de calçadas, contrasta com a visão que os pedestres têm ao atravessar a praça João Pessoa ou a estação de trem, que fica no centro, onde a maioria dos andarilhos se junta. Viciados em álcool ou drogas, eles não querem mudar de vida. Pelo menos, é o que dizem.

"Eu quero ficar aqui. Não adianta a Kombi querer me levar embora". É o pouco que deu para entender das respostas de Luís Carlos Pinto dos Santos, o morador de rua que foi arrastado anteontem pelos guardas da CPTM. Os seguranças o tiraram da calçada em frente à estação e o jogaram na calçada do outro lado da rua. O Mogi News registrou o momento da truculência, que chegou a chamar a atenção de pedestres que passavam pelas imediações.

Ontem, Luís Carlos estava no mesmo local onde foi deixado pelos seguranças da companhia de trens. Ele contou pouco de sua vida. Disse que teve uma briga com a mulher, há mais de 10 anos, e abandonou tudo. "Eu era casado, tinha filhos, era mecânico". Sobre a ação dos guardas, ele não comentou nada. Preferiu o silêncio.

Sebastião Donizete dos Santos, de 46 anos, diz que a vida na rua é tranquila. "O único problema é o frio. Até hoje ninguém me bateu ou me destratou na rua. É claro que eu tenho medo de alguém tacar fogo em mim enquanto estou dormindo. Mas eu faço muitas amizades na rua", disse o andarilho, que já foi caminhoneiro e tem uma filha de 21 anos, que mora em Salesópolis.

A ação de assistentes sociais, que fazem as abordagens e tenta fazer com que estas pessoas recebam atendimento, agrada os moradores de rua. "São muito legais. Estou esperando eles virem me buscar, tô precisando tomar banho e comer alguma coisa. Mas durante o dia é ruim ficar lá, ficam mais os velhinhos. Eu sou da rua mesmo", disse o ex-soldador Armando Nonato Gomes de Oliveira, de 50, que veio do Ceará, há 20 anos, com o sonho de conseguir emprego em São Paulo.

Ontem, a equipe do Mogi News percorreu vários pontos do centro da cidade e alguns bairros. Além da região próxima à estação de Mogi, havia moradores de rua no Mogilar, no Socorro e na Vila Industrial.



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