Ele trabalhou em vários ramos. Teve 16 ocupações diferentes. Em açougue, churrascaria, casa de materiais elétricos e até em posto de gasolina, mas dedicou sua vida quase que inteiramente à panificação. O português Amâncio Aires, de 73 anos, chegou de navio ao Brasil, em 1951, no tempo em que as padarias eram diferentes. Antigamente, para trabalhar no balcão, por exemplo, era necessário usar uma gravata borboleta, e estar bem trajado. Hoje, a realidade é diferente e Amâncio acumulou experiência na panificação, ramo em que começou em 1954, em Santos. Depois, estabelecido em Mogi, começou sua trajetória e foi proprietário de várias padarias tradicionais na cidade, como a 5ª Avenida e Nossa Senhora de Fátima. Ambas não existem mais. Mas uma das mais conhecidas em Mogi, a Central, também fez parte da vida de Amâncio. "Em 1968, vendi a padaria Nossa Senhora de Fátima, onde eu trabalhava com o meu sócio e cunhado, Sérgio Piccollomini, e comprei a Central, na Paulo Frontin. Demoli o antigo prédio e construí um novo. O nome atual, Big Pão, é de minha autoria", disse. A padaria, reformada e ampliada, foi vendida antes de uma viagem que ele fez aos Estados Unidos. Em uma de suas viagens, observou os sinais da modernidade. "Nas viagens, fui notando várias coisas no exterior, as novidades e o que tinha de melhor, e fui trazendo para o Brasil", disse. E ele trouxe mesmo o que tinha de melhor. Em uma de suas padarias, ele mandou instalar um forno semiautomático. As pessoas acompanhavam a fabricação dos pães através de uma vidraça, incrível novidade para a época. (T.E.)