Juscelino pereira Jr
Da reportagem local
Detectar e lidar com fatores psicológicos que interferem no desempenho de atletas de alto rendimento. Esse é apenas um dos desafios da psicologia esportiva, área que cada vez mais ganha espaço na rotina dos atletas e comissões técnicas de diversas modalidades esportivas. Para a psicóloga recém-formada, Tassiana Torraga, apesar de ainda haver resistência, o trabalho mental dos atletas é tão importante quanto suas habilidades técnicas e devem ser exploradas.
"O psicólogo pode oferecer elementos para os atletas aprenderem a lidar com os desafios e obstáculos do dia a dia, como cobrança por resultados e relações interpessoais, para que possam otimizar suas qualidades como esportista. Do mesmo jeito que os atletas aprendem a parte técnica da modalidade, eles também têm que desenvolver o máximo de suas habilidades mentais", falou Tassiana, que apresentou uma palestra sobre "Déficit de habilidade social em atletas de alto rendimento", no IX Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciência e Profissão, realizado no final de novembro, em São Paulo.
"Apresentar o trabalho no Congresso Brasileiro foi especial, já que lá estavam os principais nomes da psicologia no Brasil. O mais importante foi poder mostrar o que fizemos no trabalho e levar este tema para mais pessoas discutirem o assunto. Se o que planejamos deu resultado positivo, pode ser levado para mais atletas", destacou a psicóloga, que desenvolveu atendimentos com todo grupo de uma modalidade esportiva coletiva de alto rendimento. Depois de apresentado e julgado pela bancada do congresso, o trabalho desenvolvido por Tassiana foi escolhido para ser apresentado no próximo Congresso Nacional, que acontece em 2018, já como um mini-curso para profissionais da psicologia.
E os atletas, mesmo sem conviverem rotineiramente com um trabalho psicológico, sabem que o auxílio de um profissional desta área é importante para tirar o máximo de suas performances.
Para o pivô Thomas Gerkhe, jogador de basquete do Mogi/Helbor, que no momento disputa o Novo Basquete Brasil 7 (NBB), esse é um tema que pode gerar resultados importantes na performance e vida dos atletas.
"Esse é um trabalho que falta, não conheço uma equipe que tenha um acompanhamento psicológico constante, feito com um profissional voltado exclusivamente ao esporte. Principalmente em alguns períodos na vida de um atleta, como por exemplo quando se torna profissional, ou quando o jogador não atinge uma boa fase, o auxílio de um psicólogo pode ser muito importante", falou o atleta de 32 anos, que viveu o acompanhamento deste tipo apenas uma vez na carreira, isso ainda quando tinha apenas 17 anos, na equipe do São Paulo.
E essa carência de trabalhos psicológicos realizados em atletas é o que mais motiva Tassiana a prosseguir com seu projeto. "A psicologia é muito nova, no esporte então, ainda está engatinhando. Mas sei que chegará um momento em que o psicólogo fará parte da comissão técnica, assim como fisioterapeuta, preparador físico e outros profissionais".