Noemia Alves
Da reportagem local
O Sistema Produtor do Alto Tietê (Spat) acendeu na semana passada o sinal de "alerta máximo". Três dos cinco reservatórios que compõem o sistema operam "no limite", segundo cálculos do engenheiro sanitarista José Roberto Kachel e do jornalista Sérgio Reis, que acompanha e estuda o setor.
Com base nos dados do Sistema de Alarme e Inundações do Estado de São Paulo (Saisp), eles afirmam que a represa de Biritiba Mirim está totalmente seca, com o fim de seu volume morto, que até então estaria estimado em cerca de 15 milhões de metros cúbicos.
"O fim está absolutamente próximo", afirmou Sérgio Regis em seu blog, o JornalGGN. "As nossas mais pessimistas previsões, feitas desde julho, estão se realizando. Sem chuvas, o cenário mais provável é que o Alto Tietê não dure sequer até o fim de 2014. Há documentos que apontam para a existência de volumes mortos em alguns dos reservatórios do sistema, mas os dados são muito menos confiáveis do que os observados para o Cantareira - e aqui se sabe que nem todo o volume morto é extraível. O próprio reservatório de Biritiba, em tese, tem mais 15 bilhões de litros (que durariam mais um mês), mas é absolutamente improvável que mesmo uma parcela disso venha a ser transferível para as demais represas", alertou Reis.
Kachel concorda e acrescenta: "O mais preocupante é que não se vê mobilização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para a realização de obras que possam ajudar na retirada dessa água abaixo dos mínimos operacionais. A tendência, então, é que ocorra o esgotamento de cada reservatório (talvez até um limite pouco abaixo do zero operacional), até que qualquer transferência substantiva de água se torne inviável. Por que hoje, volume útil mesmo no Spat só tem em dois reservatórios (Paraitinga e Ponte Nova), porque Biritiba Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba já estão ou passaram do seu limite", completou o engenheiro sanitarista.
Restam cerca de 20% dos reservatórios, ou seja, menos de 100 bilhões de litros. Em seu site, a Sabesp apresentava ontem que o Spat operava com 5,4% de sua capacidade; na segunda-feira, eram 5,9% e, na sexta-feira, dia 21, com 6,4%.
Esgotado
No fim da semana passada, o Mogi News foi até o reservatório de Biritiba Mirim e confirmou o esgotamento de água.
Aliás, além do cenário de deserto, com solo rachado e alguns "fios" de água, a reportagem constatou a instalação de duas bombas na estação elevatória que faz acesso à represa.
"As bombas fazem parte das intervenções para aumentar a passagem de água entre as represas Biritiba Mirim e Jundiaí, no Sistema Alto Tietê", justificou a Sabesp, em nota encaminhada por sua Assessoria de Imprensa.
"Essas intervenções permitiram o aproveitamento de mais uma parcela do volume útil do reservatório de Biritiba. Não foram instaladas novas bombas na represa, ocorreu apenas uma mudança no local dos equipamentos para auxiliar na captação de água do rio Tietê. O Sistema opera normalmente, sem previsão de mudanças", concluiu a estatal.