Luana Nogueira
Os troncos e galhos de árvores que se entrelaçam para formar a entrada do Casarão do Chá darão boas-vindas aos visitantes que, a partir do dia 1º de junho, poderão conferir o resultado da restauração do prédio histórico, que durou 17 anos. Com bambus, barro e madeira, o arquiteto e carpinteiro japonês Kazuo Hanaoka idealizou um casarão único que foi erguido com a destreza de encaixar cada peça para criar um prédio, que mesmo depois de sete décadas chama a atenção por sua imponência.
As paredes foram construídas com centenas de bambus entrelaçados, que receberam camadas de barro amassado, técnica conhecida como taipa de mão. Mas o que chama a atenção de quem chega à frente do prédio é a entrada que se sobressai com galhos de árvores que dão a sensação que o casarão nasceu a partir deste ponto.
De acordo com a presidente do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes (Comphap), Ana Sandim, as madeiras que foram instaladas no portal ficaram dois anos e meio mergulhadas em tanques de água para que a seiva fosse retirada e não atraísse cupins. "A obra começou bem antes de 1942 com a técnica de limpeza das madeiras. O mais interessante é como ele (Hanaoka) a trouxe e imaginou este projeto".
O Casarão do Chá, que foi construído com o intuito de ser um galpão para o beneficiamento das folhas da Fábrica de Chá Tókio, passou muitos anos abandonado. Durante algum tempo, o espaço foi usado como depósito da produção agrícola da propriedade. O trabalho de valorização teve início em 1982, como o tombamento do prédio pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e em 1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). As verbas para a restauração do prédio histórico vieram de várias fontes e somam quase R$ 1,4 milhão.
Segundo a presidente do Comphap, a técnica é inspirada na construção de castelos japoneses. "Este restauro foi feito por pessoas especializadas, é uma obra artesanal. Este casarão tem um aspecto importante, porque ele tem de uma técnica japonesa de construção simples e o portão dele foi feito como os castelos do Japão. É possível perceber que ele se desloca do corpo principal. Existem madeiras em seu estado natural, galhos que são aproveitados para sustentar a estrutura. Essa técnica é só de encaixes, hoje, existe alguns preguinhos que foram necessários colocar, mas no original é todo encaixado", explicou.