NOEMIA ALVES
Da reportagem local
Prestes a completar um ano, a Lei 6.022 que estabelece a alteração do nome da rua Três de Maio para Arthur José Netto, proposta pelo vereador Carlos Evaristo da Silva (DEM), está causando polêmica em meio a uma intensa disputa entre vizinhos. Moradores antigos da via, que fica na entrada da Vila da Prata, procuraram o vereador Marcos Roberto Damásio da Silva (PR) a fim de conseguir reestabelecer o antigo nome da rua, uma vez que alegam ter sido prejudicados com vários problemas de extravio de correspondência.
A família do jovem publicitário e artista que morreu em novembro de 2006 - quase dois meses depois de ter sido espancado na saída de uma casa noturna próxima ao 17º Batalhão da Polícia Militar, no centro - está revoltada com a possibilidade de ter a homenagem póstuma a Arthur Netto retirada pela Câmara Municipal.
O impasse sobre a denominação da rua, que tem início na Sete de Setembro e termina na avenida Prefeito Francisco Ribeiro Nogueira, veio à tona na semana passada, com a deliberação do projeto de lei 37/08, de autoria de Carlos Evaristo e Marcos Damásio, em sessão ordinária. O documento está sendo analisado pela Comissão de Justiça e Redação da Casa e deve ser apreciado e colocado em votação na próxima semana.
"Foi uma série de enganos. Primeiro, por causa da mudança do antigo nome da rua, que era uma data comemorativa (Dia da Liberdade da Imprensa e do Parlamento) e passou a ser de um artista mogiano, sem consulta aos moradores. Segundo, porque, ao revogar a lei e transferir o nome da rua para outro local, a família não foi consultada. Nesta história só fui coadjuvante", alegou Damásio no final da manhã de ontem, horas depois de ter recebido a visita da irmã de Arthur Netto, a administradora de empresas Renata Bitelli.
Cobrança
Ela foi questionar o parlamentar sobre a redação do projeto de lei que retira o nome de Arthur Netto da antiga rua Três de Maio. "Gostaria de saber em que ele se baseou, uma vez que o nome do meu irmão consta em placa que foi instalada no bairro desde julho do ano passado", explicou Renata, com voz alterada e nervosa.
"Deram um presente para meus pais e em seguida tiraram, foi muito desrespeito com a família. Como se tivessem matado meu irmão pela segunda vez", disse a administradora, que reside com os pais no bairro há quase quatro décadas.
Morador há 30 anos da rua, o aposentado Frankseudo de Moraes conta que a alteração da denominação da via causou transtornos aos moradores. "Houve extravio de cartas e documentos importantes, tudo porque os funcionários dos Correios não conheciam a rua", explicou Moraes, que teria reunido mais de cem assinaturas para que a rua voltasse a receber a placa com a inscrição rua Três de Maio. O abaixo-assinado foi entregue na Câmara Municipal e anexado ao projeto de lei 37/08.