Nayara Ruiz
Da reportagem local
O Comitê Autônomo de Solidariedade ao Povo Palestino de Mogi fará hoje, a partir das 9 horas, uma manifestação em frente à Universidade Braz Cubas (UBC), onde será realizada a Conferência Municipal de Assistência Social. O comitê é formado por mogianos sensibilizados com a situação dos refugiados que foram reassentados no município.
O objetivo principal do grupo, segundo um dos membros, Mauro Rodrigues de Aguiar, é ajudar os palestinos a conquistar os direitos que lhes foram prometidos. "Entregaremos folhetos sobre a situação atual dos refugiados. A administração municipal deve tomar conhecimento do que está acontecendo", explicou. Atualmente, o comitê utiliza um blog na Internet para propagar a solidariedade às famílias refugiadas. A ferramenta foi criada em janeiro deste ano como uma extensão de um trabalho de conclusão de curso sobre o conflito entre Palestina e Israel. "No começo, não tinha nada a ver com os refugiados, mas o criador do blog conheceu nossos ideais, se uniu e decidiu ceder o espaço em benefício do comitê".
"O que tentamos fazer através deste espaço é denunciar a falta de recursos aos refugiados, que estão desamparados. Fui testemunha das diversas situações de dificuldade". Aguiar contou que o único apoio que os palestinos tiveram foi dado pelo comitê. "Nas idas aos hospitais, ninguém da Cáritas estava presente, apenas nós, cidadãos comuns". O objetivo principal é reunir um maior número de pessoas em torno da causa.
O comitê foi criado no dia 4 de junho deste ano, mas alguns membros já estavam à frente da causa desde que os refugiados chegaram à cidade. As reuniões têm a participação dos palestinos. "Uma das nossas tarefas é exigir que algo seja feito por essas famílias através do governo federal, estadual, municipal, ou qualquer que seja".
BrasíliaAssessorados pelo advogado Acilino Ribeiro, coordenador nacional do Movimento Democrata Direta (MDD), um grupo de 21 palestinos refugiados, que chegou ao Brasil em 2007, está acampado em Brasília desde maio de 2008. Eles alegam dificuldades de adaptação e falta de apoio do governo brasileiro para a permanência no país. O grupo pede para deixar o Brasil e seguir para Europa, onde está grande parte dos refugiados.
O objetivo da manifestação em Brasília é mobilizar a sociedade e encaminhar suas demandas ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), que cuida do programa. O grupo pede assistência social, como acompanhamento médico e ajuda financeira. "A Acnur não cumpriu as promessas feitas quando os palestinos ainda viviam em um campo de refugiados na Jordânia", disse Ribeiro.
"Até o momento, tentamos resolver a questão de forma moderada, através de diálogo, mas só temos enfrentado problemas e encontrado obstáculos". Os refugiados que estavam reclamando por seus direitos tiveram a assistência financeira e a moradia cortadas. "Ficaram sem o pouco dos benefícios que recebiam", revelou. "Estão sendo tratados piores do que animais aqui no Brasil".
A Acnur foi procurada ontem pela reportagem, assim como anteontem, quando o jornal relatou os problemas enfrentados pelos refugiados em Mogi. Mas, pelo segundo dia, não deu respostas.