O mérito de se fazer as coisas direito, de forma caprichada, colocando gradis no entorno do ribeirão, arborizando, transformando um trecho importante de quarteirão e, com isso, valorizando em termos imobiliários todo um quadrilátero
Ainauguração da praça Otaviano Malta Moreira, o Totó, ocorrida ontem pela manhã, é muito mais do que a abertura de um espaço completamente reurbanizado da cidade. Há alguns importantes significados.
Primeiro: a homenagem, justa, a Totó Malta, uma pessoa humana admirável, que, durante anos, agregou competência e senso de humor à sede da Prefeitura e que faleceu no mês de outubro, vítima de um trágico acidente ocorrido na rodovia Mogi-Salesópolis.
A justiça da homenagem ficou ainda mais patente a partir da matéria e das fotos publicadas ontem pelo Mogi News, trazendo os pais de Totó, Egberto Malta Moreira e Esmeralda. As fotos do casal que traziam ao fundo a praça, um espaço arborizado e renovado, parece reviver a alegria que foi a trajetória do filho nos seus 39 anos.
Segundo: a história do local, que foi ocupado pela primeira vez por um imigrante italiano, Sebastião
FURLAN, que ali construiu uma casa, à beira de um ribeirão puro e que plantava uma série de culturas, décadas a fio.
Terceiro: a recuperação de um local que estava degradado pelo crescimento da cidade, nas décadas posteriores à de 60, construindo sem planejamento, esmagando e poluindo o rio, acarretando um sem-número de enchentes, agravadas mesmo com o alargamento do leito do ribeirão Ipiranga, em 1980, e, pior ainda, após a obra de canalização do rio Negro, que resolveu completamente a questão das inundações no que era o largo Primeiro de Setembro, depois denominado, em razão da paternidade da obra, de praça Chico Nogueira, a partir de 1994.
Num trecho em que se tinha residências de classe média, alguns dos primeiros edifícios da cidade, como o Rio Negro e o Urbano, concessionárias de veículos, como a Urbano Mogicar e a Lizardo Monteiro, um unidade industrial da multinacional japonesa NGK do Brasil, bancos diversos, uma vila de residências toda padronizada numa espécie de condomínio aberto, a Vila Hélio e um movimento de idas e vindas do distrito de Brás Cubas, que era intenso, mas não frenético, a cidade não parou para planejar - e não sabia que precisava fazer isso naquele momento - e tudo se perdeu na degradação, aumentada com metros de água poluída e contaminada invadindo imóveis e deixando um rastro de lama, que levava dias para ser retirado.
Quarto: a vontade política. Importante reconhecer que a iniciativa da administração Junji Abe (2001-2008) em se propor a resolver a questão das enchentes foi essencial. Primeiro, com a construção do piscinão do Parque Santana, o que não resolveu a situação das imediações da Avenida dos Bancos; depois, com a tão esperada ampliação do leito do trecho do ribeirão paralelo à Sebastião
FURLAN.
Quinto: a sensibilidade da administração atual, comandada por Marco Bertaiolli (DEM) em perceber que era necessário fazer mais do que acabar com as enchentes e reurbanizar de verdade o local, exortando o amor-próprio, a tão propalada "mogianidade" a que sempre se refere o atual prefeito.
Sexto: o mérito de se fazer as coisas direito, de forma caprichada, colocando gradis no entorno do ribeirão, arborizando, transformando um trecho importante de quarteirão e, com isso, valorizando em termos imobiliários todo um quadrilátero, que, certamente, passará a ser objeto de novos e promissores investimentos .
Parece importante enumerar todos os pontos positivos dessa experiência administrativa e cidadã bem sucedida. Afinal, num tempo em que se reclama, por exemplo, de negligência médica que teria ocorrido na Santa Casa, de uma reedição de tragédia registrada no mesmo hospital há sete anos, verificar que há algo bom a se comentar é um alento.
No momento em que mais um deprimente espetáculo de corrupção toma o País com o Mensalão do DEM e a violência elimina pessoas, como se mata barata no canto da cozinha, falar de jardins, flores, bancos, um passeio agradável e um início de recuperação do centro é alguma coisa digna de reflexão.
Some-se Totó, os
FURLAN, a vontade política, a sensibilidade administrativa e o perfeccionismo e se tem um novo pedaço do centro.