Noemia Alves
Da reportagem local
A Prefeitura de Mogi das Cruzes deve realizar, em breve, um novo curso de capacitação dos agentes de saúde, para atendimentos de casos críticos. A proposta, segundo explicou o secretário municipal de Saúde, Marcello Delascio Cusatis, é reforçar alguns protocolos nacionais e internacionais de procedimento, entre os quais, de isolamento do paciente até a remoção à unidade referenciada, estabelecida pelo Ministério da Saúde.
A primeira "prova de fogo", enfrentada pela administração municipal, foi ontem de manhã, quando uma criança de 5 anos deu entrada no Hospital Municipal "Waldemar Costa Filho", em Brás Cubas, com sintomas semelhantes aos provocados pelo vírus Ebola, que já matou milhares de pessoas na África.
"A criança tinha muita tosse, coriza e vômito, mas o que chamou a atenção do grupo médico da unidade, é que a criança (que mora com a família em Mogi) tinha acabado de chegar de uma viagem da África do Sul. De imediato contatamos a Vigilância Epidemiológica Estadual, que possui um ´Plantão Ebola´, que descartou a doença e nos autorizou a liberar a criança para o convívio comum", explicou Cusatis.
Entre a justificativa do governo do estado, segundo o secretário da Saúde de Mogi, é que a criança não tinha febre, diarreia ou outros sinais característicos do Ebola, como dores fortes nas articulações e músculos, além de sangue nas gengivas. "Mas o fator preponderante é que a região em que a criança estava com a família não foi afetada pelo vírus", reforçou o secretário.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou, por sua vez, que mantém o Grupo de Resgate e Atendimento às Urgências (Grau) para atendimentos de casos suspeitos de Ebola. O serviço inclui maca apropriada, para inibir o contato direto entre a pessoa infectada e os profissionais de saúde, além de viaturas de suporte avançado à vida.
O Instituto Emílio Ribas, especializado no tratamento de doenças infectocontagiosas, em São Paulo, foi destacado como referência nacional para casos suspeitos da doença.
Epidemia
A África Ocidental enfrenta o maior surto do vírus Ebola já registrado desde a descoberta da doença, em 1976. O surto atual começou na República de Guiné, em março deste ano, e se espalhou para os países vizinhos Serra Leoa, Libéria e Nigéria. Um segundo foco ocorre na República Democrática do Congo, onde foi identificada uma cepa diferente do vírus.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a Libéria é o país com mais mortes (1.459), seguido da República de Guiné (601), Serra Leoa (562) e a Nigéria (8).